O prefeito de Canoas, uma das cidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, Jairo Jorge (PT), divulgou no sábado um vídeo em que relata que a inundação atingiu a UTI do Hospital de Pronto Socorro do município, resultando na morte de nove pacientes. Segundo o prefeito, a entrada de água na unidade causou interrupção no fornecimento de energia, o que desligou os equipamentos essenciais para a manutenção da vida dos pacientes.
“A água entrou, houve um colapso na UTI devido a problemas de energia. Tentamos manter os pacientes, mas não conseguimos e, por isso, nove deles faleceram”, afirmou o prefeito em uma conversa por telefone celular com o ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, que compartilhou o diálogo em suas redes sociais.
Pimenta chegou ao estado no sábado, e no domingo está prevista a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para uma segunda visita em menos de uma semana.
De acordo com a prefeitura de Canoas, o hospital foi evacuado pela manhã e os pacientes foram transferidos. A recomendação é que a população busque atendimento médico na unidade universitária Gracinha, que opera na cidade, em caso de necessidade.
Na manhã deste sábado, o governador Eduardo Leite (PSDB) detalhou a situação em Canoas e mencionou que os alagamentos afetaram os geradores do hospital:
“Estamos trabalhando incansavelmente para atender às comunidades. São grandes volumes de água que estão chegando. Pedimos que busquem se manter em segurança. Estamos enfrentando uma situação histórica. É um momento triste e dramático que estamos vivenciando”, disse o governador.
No Rio Grande do Sul, Canoas é a terceira cidade mais populosa, com 357,7 mil habitantes, ficando atrás apenas de Porto Alegre e Caxias do Sul.
Até o último balanço da Defesa Civil, divulgado às 18h deste sábado, foram confirmadas 55 mortes devido às chuvas. As precipitações já afetam 317 dos 497 municípios do estado.
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O quarto dia do maior desastre natural do Rio Grande do Sul foi marcado por milhares de resgates de pessoas ilhadas em telhados e pela disseminação de informações falsas que chegaram a atrapalhar as operações de socorro.
Durante todo o sábado (4/5), equipes de resgate dos governos federal e estadual concentraram seus esforços em cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre que foram afetadas por inundações. Os principais focos de socorro foram em Canoas, Eldorado e Alvorada.
Em todo o estado, mais de 69 mil pessoas estão desalojadas, há 74 desaparecidos e pelo menos 55 mortes confirmadas, de acordo com a Defesa Civil. Imóveis, estradas e redes de energia elétrica foram severamente danificados.
No total, mais de 10 mil pessoas foram resgatadas, mas até o período da noite ainda havia pessoas ilhadas, esperando um resgate sobre telhados.
Em Canoas, aproximadamente 600 pessoas foram resgatadas em uma igreja, incluindo idosos. O prefeito Jairo Jorge (PSD) relatou no início da noite de sábado que ainda havia muitas pessoas aguardando resgate.
“É uma situação dramática, você anda pela cidade e é uma desolação, as pessoas estão vagando de um lado para o outro. Elas não têm para onde ir. É um cenário de guerra”, desabafou o prefeito de Canoas.
Durante a manhã de sábado, houve um boato de que nove pessoas teriam falecido na UTI do hospital de Canoas devido à enchente, porém a informação não era verdadeira. O próprio prefeito inicialmente recebeu essa informação equivocada.
Ainda no sábado, a PM suspendeu as buscas em Canoas com o uso de barcos por cerca de duas horas após a disseminação de uma notícia falsa de que haveria risco de choque elétrico na água. No entanto, tudo não passava de um boato. Também surgiram informações falsas sobre o rompimento completo de diques. “Essas fake news atrapalham muito”, lamentou o prefeito.